FATORES QUE INFLUEM NA TÁTICA DE JOGO
Adversário: é o principal fator que influi na tática de jogo a ser definida. Se o adversário for uma equipe tecnicamente muito boa, o esquema de marcação deve ser mais cauteloso; do contrário, procura-se jogar mais ofensivamente. O sistema empregado pelo inimigo, os jogadores mais habilidosos, os mais fracos e os pontos críticos do adversário são alguns pontos de referência que um técnico deve ter em mente para organizar taticamente sua equipe.
Condição Técnica: a técnica individual dos jogadores é também fator de extrema importância para a definição tática a ser empregada por uma equipe. Se esta for composta por jogadores altamente técnicos, esses elementos terão maior facilidade de desenvolver esquemas e, conseqüentemente, envolver o adversário, visto que determinadas jogadas dependem da habilidade dos jogadores, seja para reter a bola, para efetuar um drible ou para controla-la antes de executar um passe. Nesse caso, é fundamental salientar que a tática só sobrevive com a técnica.
Condição Física: o condicionamento físico deve ser considerado na elaboração do plano tático, bem como a condição física do adversário. A execução dos esquemas táticos deve ser condizente com o estado físico de seus jogadores, visto que é inadmissível, por exemplo, que se implante um esquema de marcação homem a homem na quadra toda sem que os jogadores estejam perfeitamente condicionados para realizar essa função.
Aspectos Psicológicos: os jogadores devem estar tranqüilos, confiantes e motivados para realizar as jogadas durante a partida. A união do elenco também é ponto fundamental no aspecto psicológico, pois influirá positivamente nos atletas. O fato de jogar na quadra do adversário, ás vezes, pode trazer uma preocupação maior. A torcida, em sua maioria, é adversa, e até os torcedores da própria equipe podem, por exemplo, vaiar um atleta que cometa algum erro durante o jogo. Há jogadores que, no calor da partida, não consegui se controlar; outros, em momentos decisivos, não rendem o que deles se esperava. Enfim, muitos são os fatores psicológicos que influem no rendimento tático de uma equipe. É grande a importância desses fatores durante o jogo, como também a necessidade de os treinadores estudarem essa matéria a fim de dar suporte psicológico para seus jogadores, para que não seja perdido todo um trabalho tático.
Situações ocorridas durante a partida: alguns gols de vantagem ou desvantagem, um atleta expulso, má colocação na quadra etc. são alguns itens que podem influir na mudança de sistemas e esquemas de jogo. É necessário que o treinador tenha capacidade de observação para que, em contato com os atletas, possa usufruir das situações decorrentes do jogo ou se prevenir quanto a elas.
Dimensões da quadra: esse é um fator muito importante, pois pode favorecer – ou não- certos esquemas táticos, tanto ofensivos quanto defensivos.
Regras: a tática de jogo é elaborada de acordo com as regras. Sem regras, não existe tática. O futsal é um esporte que teve suas regras bastante modificadas, o que provocou a criação de novas situações de jogo – a tática de jogo foi alterada em virtude das mudanças nas regras.
Regulamento: toda competição tem seu regulamento e, dependendo dele, uma equipe poderá alterar sua tática de jogo. O saldo ou a quantidade de gols marcados ou sofridos, o confronto direto, o número de vitórias, a vantagem de se jogar por um empate etc, são itens do regulamento que interferem no plano tático de uma equipe.
A tática exige raciocínio
A tática é diferente da técnica, que é automática. O jogador executa os fundamentos sem pensar, pois os gestos técnicos (passe, chute, domínio etc.) são realizados por reflexo, uma vez que estão sob a área de ação da medula, que controla os impulsos nervosos.
Assim a tática exige raciocínio. Os jogadores têm que pensar naquilo que vão realizar em cada situação do jogo: os padrões de movimento, os posicionamentos, as jogadas não acontecem por reflexo, mas sim depois que o cérebro processou uma informação, racionalizou e decidiu executar uma ação.
Com efeito, ressaltamos a importância de os jogadores terem um perfeito conhecimento das suas funções e obrigações durante o transcorrer de uma partida de futsal. A tática é planejada, estudada, organizada, e quanto mais os jogadores estiverem cientes do que deles se esperam, mais eles se esforçarão para atingir os objetivos traçados.
Muitos jogadores jogam futsal sem pensar, apenas com o instinto, com suas habilidades técnicas, que se tornaram automáticas. Muitos desses jogadores são de alto nível, entretanto muitas vezes acontece de, ao receberem uma função tática, terem seu rendimento diminuído. São jogadores que não foram devidamente orientados taticamente e se tornaram acomodados demais para executar uma função tática, principalmente quando se trata de marcação.
Aos técnicos, portanto, caberá a função de estimular os jogadores a pensar. Devem determinar algumas obrigações táticas para jogadores e chamar sua atenção quando não as cumprirem. Tanto técnicos como jogadores devem estar cientes de que o futsal é um esporte coletivo;assim, os jogadores devem jogar de maneira homogênea, sempre um ajudando, corrigindo ou facilitando o trabalho do outro. Para que essa condição seja alcançada, os jogadores têm que estar o tempo todo concentrados e pensando no que fazer em cada situação do jogo.
As jogadas táticas requerem uma ótima sintonia entre os jogadores que as executam. Cada uma terá uma importante função a ser cumprida, nem que seja apenas um simples deslocamento. Sempre haverá uma razão para executar uma função.
Ao pensar em executar uma função, o jogador estará pensando no exato momento de um passe, de uma movimentação, para onde se deslocar a fim de receber a bola ou abrir um espaço para penetração de outro jogador; enfim, deverá estar sintonizado com os demais jogadores da equipe e saber bem quais são as suas funções táticas.
Todos os jogadores devem estar pensando a mesma coisa, todos devem se empenhar para que as jogadas tenham início, meio e fim conforme programado. Todos as jogadas planejadas pela equipe devem obedecer a algumas normas de procedimento. Por exemplo: toda jogada deve oferecer no mínimo duas opções para sua execução; toda jogada deve levar em consideração o fator erro, ou seja, se a jogada não for concluída por erro ou por habilidade do adversário para neutraliza-la, que conduta os jogadores devem adotar? O observe que é de fundamental importância o jogador raciocinar para decidir executar uma ação já prevista no planejamento tático, e não agir apenas instintivamente.
Ao evidenciarmos que a tática exige raciocínio e que os jogadores devem estar concentrados e empenhados em cumpri-la fielmente, vale ressaltar que a capacidade técnica individual, assim como o poder de improvisação de alguns jogadores, e fator de extrema importância para o fortalecimento de uma equipe e contribui acentuadamente para um resultado positivo no jogo.
Podemos definir o sistema como alocação dos jogadores em quadra com o objetivo de anular as manobras ofensivas da equipe adversária (defender) e confundir seus dispositivos para marca o gol (atacar).
O sistema pode ser de ataque – 2 x2 e 3x 1 – 1 x 3 – ou de defesa – marcação por zona de marcação homem a homem ( individual )
Esse sistema utiliza dois jogadores na defesa e dois no ataque. É o sistema de jogo mais simples que uma equipe pode adotar. Por essa razão, é o sistema mais utilizado nas categorias menores, pelos principiantes e pelas equipes de menor condição técnica.
Esse sistema pode ser considerado a causa primária do sistema 3 x 1 – 1 x 3, pois a formação 2 x 2 se dá tanto quando a equipe ataca como quando defende (fig. 133). Quando um dos atacantes recua para dar mais estrutura à defesa ou um defensor apóio o ataque tem início o sistema 3 x 1 – 1 x 3.
O sistema 2 x 2 não oferece muitas opções de jogadas, em razão da colocação dos jogadores em quadra, o que torna tanto o ataque como a defesa deficientes ou carentes de mais apoio; no entanto, apesar das limitações, podem se conseguir bons resultados.
Figura 133
Esse sistema se caracteriza pela existência de um jogador fixo na defesa, dois alas que fazem o vaivém de defesa e ataque e um pivô que joga sempre mais adiantado, tanto quando ataca como quando defende. É um sistema em que a equipe ataca e defende com três jogadoras.
A formação 3 x 1 ( fig 134 ) se dá quando a equipe inicia suas manobras ofensivas no seu ofensivas no seu setor ofensivo com três jogadores, que se movimentam procurando um espaço para receber e tocar a bola até o pivô; quando se defende, cabe ao fixo a zona central da e as dos dois alas, as duas zonas laterais da quadra. O pivô deve se colocar no centro da quadra, tendo como função o primeiro combate ao adversário em qualquer setor da quadra. Nessa formação inicial de defesa podem ocorrer variações de cobertura ou de combate.
Por sua vez, a formação 1 x 3 se verifica a equipe está no ataque, ou seja a bola foi toca ao pivô e os alas da avançam para a meia quadra adversária para realizar manobras defensivas na tentativa de chute a gol. O fixo só deverá ir ao setor defensivo em casos excepcionais e, quando acontecer, deverá haver cobertura naquele setor.
Esse sistema oferece uma gama de opções no que diz respeito a ações ofensivas, e é mais utilizado pelas equipes que possuem jogadores de maior gabarito técnico.
Figura 134
O Sistema 4 x 0 è o mais o mais moderno posicionamento utilizado no futsal e caracteriza -se pela colocação de 4 jogadores no setor defensivo na armação das jogadas . E também conhecido com 4 em linha e exige um constante movimentação dos jogadores. Na Europa, principalmente na Espanha, è muito utilizado em virtude das dimensões das quadras que, quase em sua maioria, medem 40 x 20 m .
No Brasil começa a ganhar adeptos porque è um sistema que possibilita uma grande combinação de movimentos e uma alternância de posicionamentos que dificultam muito a marcação adversária . O Sistema 4 x 0 também oferece amplas opções de jogadas ,por esta razão é hoje um dos mais utilizados pelas equipes de alto nível ( fig 135 ) .
Figura 135
Com as modificações realizadas nas regras oficiais do futsal um novo sistema de jogo foi criado. Falamos da permissão do goleiro em atuar fora de sua área de meta, o que permitiu a opção de um novo posicionamento dos jogadores para atacar a equipe defensor, procurando estabelecer uma superioridade numérica afim de facilitar a posse de bola e, conseqüentemente a finalização das jogadas . Nos dias atuais, esse sistema 1 x 4 é uma excelente estratégia de jogo que esta sendo bastante utilizada , principalmente nos momentos finais de uma partida , onde a equipe que está em desvantagem lança mão deste recurso visando torna a equipe muito mais defensiva . O posicionamento 1 x 4 pode ser executados com os próprios goleiros das equipes, desde que possuam uma boa condição técnica para jogador com os pés , ou então colocando um jogador de linha na posição de goleiro ( fig . 136 ) .
Figura 136 Figura 137
Esses sistemas de jogo são utilizados nos lances de saída de bola no trio de meta, onde os jogadores se posicionam adotam esses sistemas com o intuito de provocar uma reação na marcação da equipe adversária, e logo realizam movimentações pra confundir seu dispositivos defensivos, e conseguir executar suas jogadas sem que a equipe defensora consiga neutralizar o lance. Esses sistemas podem ser considerados com variantes dos sistemas 2x2, 3x1 – 1x3 e 4x0 (fig. 137 e 138).
A comunicação entre técnicos e jogadores
Um dos grandes problemas encontrados por técnicos e jogadores é a comunicação entre eles. Muitas vezes, o jogador não realiza o que o técnico pediu porque não entende o que foi pedido. Isso pode acontecer porque, quando a informação é transmitida, o receptor seleciona a mensagem de acordo com os seus pontos de vista, com suas facilidades e preocupações. Se esses fatores mudarem, a recepção da informação mudará também. Os desvios de informação ocorrem muitas vezes pelo fato de o transmissor querer que o receptor entre no seu “mundo”, que interprete as coisas do seu modo, e isso acaba gerando uma falha na comunicação.
Esse fato se torna mais complicado ainda nas categorias inferiores. A criança não tem poder de concentração nem experiência; além disso, ainda não tem seu sistema cognitivo plenamente desenvolvido. Assim, não adianta simplesmente dizer para a criança tocar a bola no espaço ou correr no vazio; ela pode interpretar de modo incorreto ou nem entender o que isso significa. Nesse caso, o técnico ou professor deverá mostrar, por exemplo, o que é o espaço a que se refere.
Às vezes, alguns técnicos encontram dificuldade para se expressar e não conseguem transmitir aos jogadores o que querem; com isso, acabam dizendo muitas coisas e não conseguem se fazer entender pelos jogadores. É o caso de falar muito e não dizer nada.
A comunicação não é apenas verba: pode ser também gestual, e da mesma forma será interpretada de várias maneiras. Por essa razão, deve-se tomar cuidado não só com o que se diz, mas também como se diz.
Outro fator que merece atenção é o vocabulário próprio do salonismo. Por exemplo: “fecha o meio”, “tira o passe”, “diminui”, “dá um gato”, “toca na paralela”, entre outras, são expressões muito utilizadas no futsal; no entanto, muitas outras estão aparecendo, o que nos faz pensar na dificuldade de interpretar aquilo que o emissor quis dizer.
A melhor comunicação é aquela em que o receptor entende perfeitamente o que o receptor entende perfeitamente o que o emissor quis dizer; portanto, compete àqueles que emitem a mensagem torna-la acessível àqueles que a recebem. Na comunicação, é mais inteligente se fazer entender do que demonstrar muita cultura.
SISTEMA DE MARCAÇÃO HOMEM A HOMEM
Na marcação homem a homem ou individual (fig. 139), o defensor marca individualmente o jogador que lhe é indicado, acompanhando-o por toda a quadra. Esse sistema pode ser dividido em marcação sob pressão e sob meia pressão. Nesse sistema marca-se o jogador, não a bola.
A marcação sob pressão exige que o marcador exerça o combate direto ao oponente em qualquer setor da quadra, procurando evitar que ele receba a bola. Na marcação por meia pressão, o combate no setor de ataque se dá somente sobre o oponente que recebe ou que está de posse da bola, não sendo necessário o combate sobre o jogador que está sem bola, ficando o responsável por esse jogador mais retraído, a fim de dar cobertura ao companheiro que efetua o combate direto sobre aquele que está com a bola, além de guarnecer o setor central da quadra. No setor defensivo, a marcação é efetuada sob pressão.